segunda-feira, 21 de junho de 2010

HOMENAGEM: A GUARDIÃ DO ROMANCE MEDIEVAL!



Ela nasceu Militana Salustino do Nascimento, mas ficou conhecida como Dona Militana. Nasceu no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, em 19 de março de 1925. O dom do canto ela herdou do pai, Atanásio Salustino do Nascimento, uma figura folclórica de São Gonçalo, mestre dos Fandangos.







Mulher simples e imponente, de grande memória e temperamento quase sempre arredio, Dona Militana era uma prova da sabedoria popular. Nas raras vezes em que falava, era capaz de transformar frases simples em ditados. Em uma de suas entrevistas publicada na TRIBUNA DO NORTE, contou resumidamente sua vida: “Nasci na era de 25. A 19 de março, às 12 horas do dia. Foi aí meu nascimento. A lua tava de minguante, a maré tava de vazante. A lua cortou minha sina, a maré levou minha sorte. (...) Foi lá em Barreiro aonde eu nasci, em São Gonçalo aonde eu me criei, no meu Sítio Oiteiro”.






Dona Militana é considerada a principal fonte para pesquisas sobre o romance medieval nordestino por suas modinhas, xácaras, toadas de boi entre outros estilos que contam as historias de princesas, plebeias, cangaceiros, escravos e coroneis. Ela é a mais velha de nove irmãs e tinha uma vida de trabalho duro até ser considerada Patrimônio Nacional. Costumava dizer que tinha “mais de 55 romances aqui no quengo”. Os romance herdados da Europa Medieval, mais precisamente da cultura ibérica, carragavam em seus enredos histórias trágicas sobre príncipes e plebeus. Dona Militana aprendeu os cantos através de seu pai, Atanásio Salustino do Nascimento, conhecida figura do folclore de São Gonçalo do Amarante.






“Vim de uma cultura dos pés rachados do sol. Eu tinha que pular nas sombras para aliviar a quentura do roçado. E hoje sou inventadeira das coisas. Para mim a vida é um grande moinho, cheio de coisas novas”. A neta, porém, lamentava a falta de conhecimento da população. “Aqui em São Gonçalo mesmo na escola que eu estudo, muitos não sabem nem que ela existe. Isso é tão triste. Mas o que mais me entristece é quando chega o dia do folclore ou qualquer festividade que levam minha avó para apresentações e depois esquecem ela aqui de novo”. Diz Dona Militana.







Para sua filha Benedita, parte do esquecimento da mãe veio da administração passada de São Gonçalo. Quando foi prometido o pagamento do plano de saúde para Dona Militana e quando ela necessitou de uma internação de urgência tiveram a surpresa.

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