segunda-feira, 12 de julho de 2010

SONGA DE LUTO!



SEU LUCA MESTRE DO CONGOS DE SAIOTE, RESIDENTE EM SÃO GONÇALO DO AMARANTE, RN, MORREU NESTE DOMINGO (11/07/2010) E O SEU SEPULTAMENTE SERÁ NESTA SEGUNDA (12/07/2010)



Mestre Lucas comandava esta vertente de congada em São Gonçalo até o ano de 2008. Os problemas de saúde aliado à falta de interesse dos jovens paralisaram as apresentações do grupo. O irmão Sérvulo, antigo embaixador e contramestre, tentou dar prosseguimento, mas também fracassou com problemas de saúde. Diante das dificuldades que encontrava para manter os congos "vivo" Seu Luca quando vivo disse o seguinte: ‘‘Ainda tentei arrumar pessoal de Santo Antônio, mas não consegui. Imaginei ainda fazer um Congo só de menino de uns 12 anos, mas ninguém quis. Hoje não tem ninguém. Passei cinco anos ensinando os brincante a cantar. Ninguém aprendeu. Sabem nem pra onde vai. Eu mesmo nunca me esqueci de nenhuma’’.



A HERANÇA DEIXADA POR JOÃO MENINO


Ao todo são 25 jornadas cantadas pelo Congo de Saiote, algumas de longas estrofes. Contam a história da batalha do rei Henrique Cariongo para libertação dos escravos no Congo. Seo Lucas sabia decorado todas elas. Está tudo gravado por Deífilo Gurgel. A herança destas congadas foi repassada pelo quase lendário João Menino, responsável pela apresentação mais comovente aos 82 anos de Deífilo Gurgel, aplaudido de pé no Teatro Alberto Maranhão. João Menino morreu em 1978. Até então Lucas também brincava como contramestre no Boi Calemba de mestre Atanásio, também em São Gonçalo. É figura rica de conhecimentos da chamada cultura popular. No início da década de 80 comandou o Congo até o ano de 2008.


CONHEÇA UM POUCO SOBRE O CONGOS DE SAIOTE



O Congo de Saiote é manifestação popular herdada dos escravos africanos brasileiros. Não há registros de grupos semelhantes na África. A dança era incentivada pelas autoridades para manter a ordem nas senzalas. É que os negros se confortavam em assistir seus reis coroados nas congadas. Há várias vertentes do Congo praticadas de Norte a Sul do país. O de Saiote reúne elementos temáticos africanos e ibéricos, transformados em cortejo real. Costumava animar festas em louvor à Nossa Senhora dos Rosários. A encenação teatral unida à dança retrata uma cerimônia de coroação de reis escravos.

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